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04/08/2022

Coluna do Tadeu | AGOSTO 2022: AINDA A COVID

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Há mais de 2 anos, estamos enfrentando uma das maiores epidemias que o mundo conheceu. Só no Brasil já são mais de 600 mil mortes causadas pelo vírus.

Depois de atraso no início da vacinação, hoje, quase 80% da população vacinada com a primeira dose, ainda assim há muita resistência em tomar a vacina. Isso fez com que muitas variantes do vírus aparecessem em quase todos os cantos do planeta.

Com o tempo, o vírus parecia estar controlado. Com isso, houve uma flexibilização, por parte das autoridades, e o consequente relaxamento, por parte da população, no cumprimento das medidas sanitárias e o perigo da transmissão do vírus recrudesceu e ainda está em um patamar alto. O maior índice de contaminação está entre os que não tomaram a primeira dose ou não completaram o ciclo vacinal e os que tinham alguma comorbidade.

Essa resistência de parte da nossa população em tomar a vacina não é novidade no Brasil. No começo do século passado, o médico e cientista Oswaldo Cruz teve muita dificuldade ao enfrentar três epidemias ao mesmo tempo na cidade do Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil. As três epidemias eram: febre amarela, peste bubônica e varíola. 

O desafio não foi pequeno. Para combater a peste bubônica, já no comando da Diretoria Geral de Saúde Pública, o método adotado foi o de implantar o isolamento dos doentes, notificação dos casos positivos, captura do vetor, no caso, o rato, e a desinfecção das moradias em áreas de focos.

Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base técnico-científico, deflagrou uma campanha de saneamento e, em poucos meses, a incidência da peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.

Já em relação à febre amarela, Oswaldo Cruz, ao combater a doença, enfrentou vários problemas. 

Grande parte dos médicos e da população acreditava que a doença se transmitia pelo contato com as roupas, suor, sangue e excreções dos doentes. Ao contrário, o médico acreditava que o transmissor da doença era o mosquito. 

Assim, suspendeu a desinfecção, que era o método tradicional de combate à doença, e implantou medidas sanitárias com brigadas que percorriam casas, quintais, jardins e ruas, para eliminar os focos do inseto. A medida provocou violenta reação da população.

Em 1904, as críticas ao cientista atingiram o seu ápice. Com o recrudescimento do surto de varíola, tentou promover a vacinação obrigatória da população. As manifestações contra a medida foram imediatas. Os jornais lançaram uma campanha contra a imposição. Setores da sociedade protestaram, alegando que ia contra os seus conceitos de liberdade individual. O Congresso protestou. Foi organizada uma liga contra a vacina.

No dia 13 de novembro estourou a revolta, que ficou conhecida como "Revolta da Vacina". Prédios foram depredados, bondes foram tombados e postes de iluminação foram destruídos, além de outros danos. 

No dia seguinte, a Escola Militar da Praia Vermelha se levantou. O Governo derrotou a revolta, que durou uma semana, mas suspendeu a vacinação obrigatória. Os atos resultaram em 23 mortos e 90 feridos.

Em 1907, a febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro. No mesmo ano, Oswaldo Cruz ganhou reconhecimento internacional, ao receber medalha de ouro no 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, na Alemanha, pelo trabalho de saneamento no Rio de Janeiro.

Em 1908, houve um novo surto de varíola e a própria população procurou os postos de vacinação. Ainda no mesmo ano, Oswaldo Cruz, em seu retorno ao Brasil, foi recepcionado como herói nacional.

Fonte: trecho da matéria "A trajetória do médico dedicado à ciência”, publicado no número 37 da revista Manguinhos, em 2017.

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